domingo, 14 de outubro de 2012

Estradas do céu - SkyRoad

Desfrutando o sol da Lousã...
Uma organização com o dedo do António Queirós tem, desde logo, uma garantia: estar um passo à frente da excelência. Creio que todos, entre as centenas de participantes no evento, sairam da Lousã com a mesma certeza.

O SKY ROAD Aldeias do Xisto (SRAX) é um evento de bicicleta de estrada, vocacionado para todos os praticantes de ciclismo e cicloturismo. É uma prova de resistência, dada a sua distância (aproximadamente 150 km) e o seu desnível acumulado (aproximadamente 3.500m), simulando uma etapa de montanha de uma qualquer grande volta ciclista (Tour de France, Vuelta a España ou Volta a Portugal).

Eram 08h00 quando foi dada a partida para o Sky Road. Depois de uns quilómetros, com velocidade controlada, pelas ruas da Lousã, passámos então a andamento livre. Esperáva-nos a primeira subida do dia, com cerca de 20Km, até aos 990m de altitude, segundo os dados do meu GPS.

Nunca me senti verdadeiramente confortável. As pernas estavam rijas e doridas, mostrando que ainda não estavam totalmente recuperadas do Triatlo Olímpico realizado seis dias antes. De qualquer forma, forcei para me manter num grupo com andamento simpático e onde seguiam as duas primeiras senhoras da competição feminina.

No topo, o vento, o frio e o nevoeiro marcavam presença. No alto das montanhas, mesmo em dias solarengos, as coisas são forçosamente diferentes. Ontem, uma vez mais, pode constatar-se isso.

Por lá andámos durante vários quilómetros até descermos, vertiginosamente, para a barragem de Santa Luzia. Vertiginosamente mesmo, com o ciclómetro a marcar 80Km/h... Geralmente, quando se desce desta maneira, sobe-se de forma idêntica. Assim, na encosta oposta uma subida ao mesmo nível. As minhas sensações a subir continuavam más e descolei do grupo. A relação 39*27, que montei propositadamente para este evento, parecia curta para tamanha inclinação.

Acabei por ter de ir atrás do prejuízo e forcei o andamento na aproximação à Pampilhosa da Serra para voltar a colar. Nesta localidade, o mesmo filme. Nova rampa insana, desta vez com um salpico de maldade, pois era em empedrado. E uma vez mais, lá tive de ir em perseguição do grupo, que voltei a integrar poucos quilómetros depois.

Nessa altura estabeleci como objectivo pessoal manter-me com eles até Castanheira de Pêra,  localidade que marcava o início da última subida do dia.

Aí estava ela. Treze quilómetros, com pouco desnível, preciosamente marcados, um a um. Não encerrava grandes dificuldades, mas a minha condição não era a melhor. Meti o ritmo constante e possível serra acima, associando a cada número do quilómetro marcado nas placas a ideia de um acontecimento, uma data ou uma pessoa. Enfim, um jogo mental para aligeirar as dificuldades.

Finalmente, o topo. Numa das placas sinalizadoras, a imagem de uma marreta partida. Belo simbolismo. Se não levámos com ela na subida, então tínhamo-la destruído. Faltavam apenas 20Km para a Lousã, sempre, sempre a descer.

Mas a descida trazia mais dificuldades. Por estranho que pareça, mais ainda do que a subida que acabava de transpor. Estava com frio e muscularmente dorido, pelo que não conseguia adoptar a posição ideal para descer. Optei assim por descer mais devagar e fui mesmo obrigado a uma paragem para me esticar um pouco.

A descida mostrava também os cuidados extremos colocados pela organização na construção do evento. Todas as curvas que envolvessem qualquer risco (mais fechadas, com areia no piso ou com irregularidades)  estavam devida e previamente assinaladas.

Pouco depois chegava à Lousã, após 5h34' a pedalar, com média de 28Km/h, com a memória recheada de boas vistas e bons momentos. Pena as pernas não estarem em condições para desfrutar, devidamente, dos últimos 35Km.

A foto, da Ana Serôdio, ilustra o guerreiro no seu descanso, aguardando pela restante armada do CNCVG presente no evento.


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