segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Montejunto



Conta-se que, quando chegava o mês de Setembro, na Serra de Montejunto, se enchiam os tanques rasos de água e durante a noite esperava-se que o frio a congelasse. Quando o gelo se formava, o guarda da fábrica ia a cavalo até à aldeia de Pragança e, com uma corneta, acordava os trabalhadores. Antes do nascer do sol, num trabalho árduo e duro, as placas de gelo eram partidas, os fragmentos amontoados e depois carregados para os silos de armazenamento, onde o gelo era conservado até à chegada do Verão.
Na época do calor, decorria a complicada tarefa do transporte até à capital do reino. Primeiro o gelo era transportado no dorso de animais, para vencer o acentuado desnível da serra. Seguia depois em carroças que o faziam chegar, o mais rápido possível, aos “barcos da neve” ancorados na Vala do Carregado. Estes barcos completavam o circuito do gelo, transportando-o até Lisboa, a capital do reino.


Ontem foi dia de corporizar uma ideia que me remoía o espírito há já algum tempo: ir e voltar, de minha casa ao topo da Serra de Montejunto. O percurso foi traçado e carregado no GPS. Seriam cerca de 160Km, com perto e 2.700m de desnível acumulado positivo.

A previsão meteorológica não era nada animadora mas, mesmo assim, lá nos lançámos à estrada, na direcção de Ericeira seguindo depois para Torres Vedras. Bom ritmo, que só não foi mais rápido, porque o piso algo húmido, aconselhava prudência nas descidas. O sopé da serra, mais propriamente Vila Verde dos Francos, foi atingido com uma média de 32,5Km/h.

A grande dificuldade do dia estava à porta. Tinha um desafio privado com o meu amigo Lamego. Qual de nós chegaria primeiro ao topo? O Lamego está forte. Por isso tinha de definir uma boa estratégia. E isso passava por impor um ritmo forte desde o início da subida, na expectativa que o meu menor peso me pudesse ajudar. Já sabia que, se chegasse com ele perto do topo, a sua maior potência deixar-me-ia pregado.

A minha estratégia resultou bem e à medida que ia ganhando vantagem, mais motivado ficava e mais depressa andava. O último 1,5Km é muito empinado e, os andamentos 39*23 pareceram curtos, mas lá cheguei ao topo.

O regresso foi a ritmos mais tranquilos, com vento de frente e num percurso rompe pernas, com dois troços de empedrado a ajudar à festa.

O grupo magnífico, com o Lamego, Rui, João Serôdio e Gonçalo Vicente.

Ficam as estatísticas:

  • Subi desde VVFrancos ao topo em 27'46", ou seja à média de 17,1Km/h
  • 161Km
  • 2.705m de acumulado positivo
  • 6h02 a pedalar
  • 32,5 Km/h de média antes do início da subida
  • 26,7 Km/h de média final

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Más sensações

Cerca de mês e meio depois da presença no Triatlo de Vitoria regressei à competição, em Almeirim, no duatlo sprint que apurava os campeões nacionais por grupo de idade.

Retomei a actividade há umas 4 semanas, mas de forma muito ligeira. Por isso mesmo senti dificuldades no ritmo imposto pelo pelotão na primeira corrida. Rapidamente perdi de vista as minhas referências e as sensações não eram as melhores. Sentia-me pesado e pouco solto a correr.

Na transição para o segmento de ciclismo consegui encaixar num grupo. Contudo, só perto do km 3 conseguia, finalmente, calçar os sapatos. O grupo era pequeno e ninguém parecia muito interessado em puxar. Fomos entretanto apanhados por uma grupo mais numeroso e, aí sim, havia quem quisesse mesmo puxar. Sobretudo aguns dos vários atletas veteranos que o integravam.

Na parte final do segmento, posicionei-me bem e acabei por conseguir fugir ao grupo, juntamente com mais 3 atletas juniores, ganhando algum avanço aos restantes. Não  foi contudo um avanço suficiente e, apesar de ter sido o terceiro V2 a iniciar o último segmento, fui passado por 2 atletas do meu escalão, tendo terminado na 5ª posição... a escassos 15" do pódio.

Este desempenho não fugiu, de todo, às minhas expectativas. Abordei a competição sem qualquer tipo de preparação específica e o momento da minha época não é adequado a estas intensidades. Valeu apenas como bom treino de qualidade.

O próximo triatlo será em Lisboa, na distância olímpica, para encerrar a época de 2012.

A foto é do Carlos Maia





domingo, 2 de setembro de 2012

A Aldeia do Mato, a lezíria e o iluminado

Aldeia do Mato
Esta família parece ter sido possuída por um qualquer gene menos afinado. A loucura apoderou-se do meu filho Gonçalo. Por isso, nada melhor que, após um mês de treino zero, decidir retomar a sua actividade com uma prova de 10Km em águas abertas.

A prova decorreu nas águas do Zêzere, mais propriamente em Aldeia do Mato, ali bem pertinho de Constância. O resultado foi o que podem imaginar, tendo o Gonçalo terminado ao fim de 6Km, algo nauseado e com uma aprendizagem de vida no seu curriculo. A Beatriz fez a prova de 800m sem grandes sobressaltos.

A lezíria
Já eu, aproveitei a deslocação e resolvi regressar de bicicleta até casa. Foram 153Km, nos quais tive a companhia do Pedro Quintela, meu companheiro e adversário das lides triatléticas até à Golegã. Valeu pela boa companhia e pelas dicas que o Pedro me deu, para encontrar os melhores caminhos da lezíria.

Os 39º C não ajudaram. A média caiu para os 30Km/h a partir de Loures, quando a estrada empinou para chegar a casa.

O trajecto: Aldeia do Mato, Constância, V. N. da Barquinha, Golegã, Azinhaga, Alcanhões, Ribeira de Santarém, Santarém, Cartaxo, Carregado, Vialonga, Loures, Albogas, Sabugo.

O iluminado
Por fim, a referência para a silly season do triatlo. É que, nós no triatlo, também temos os nossos sábios e iluminados...Há poucos dias li por aí, numa rede social, que o triatlo feminino nacional havia "desaparecido por completo". Nem de propósito. Ontem mesmo Pufff!!!! Não é que, assim do nada, voltou a aparecer!!!! Uma selecção feminina foi só campeã da Europa Youth. Ficam os parabéns às atletas, aos técnicos e à memória do António Jourdan que tanto contribuiu para a construção daquele sucesso.

A foto é da Helena e ilustra o abastecimento do Gonçalo durante a prova de 10Km.