terça-feira, 31 de julho de 2012

Pipoca basca

7h31'53" foi o tempo que demorei a cumprir a prova referente ao Campeonato do Mundo de Triatlo Longo que ontem decorreu em Vitoria-Gasteiz - País Basco espanhol, disputada na distância 4Km, 120Km, 30Km.

A analogia com a pipoca tem, tão só, a ver com o monumental estoiro que dei ao Km 8 da corrida final.

A natação foi para mim, na presente época, um martírio maior do que em anos anteriores. Evidentes melhorias no desempenho em piscina, sem evidência nas águas abertas. A situação agravou-se no último mês com um decréscimo significativo do volume de treino neste segmento, o que aconteceu por diversos motivos. Sabia que não estava em condições de forçar o andamento, sabia que se forçasse o mais certo era andar praticamente o mesmo. assim, tentei concentrar-me na técnica esticando a braçada e evitando os movimentos parasitas o mais possível. Fiz um miserável registo de 1h23'13" para nadar os 4Km. Uma verdadeira seca...

No segmento de ciclismo andei o que contava andar. Aliás, até um pouco mais depressa. Contudo, as sensações não eram as melhores. sentia alguma fadiga muscular e desesperava com o vento que se fazia sentir em grande parte do trajecto. A média foi de 35,6Km/h, num percurso muito ondulado e divertido, com um registo de 3h22'34" para cumprir os 120Km.

Por fim a corrida final. Iniciei o segmento a correr a 4'15", um ritmo bom, mas confortável para aquilo que achava valer. O apoio da multidão na rua era contagiante e empolgante, convidando a dar tudo. Perto do Km 8 apanhei o meu colega de equipa, o Paulo Lamego, que passava algumas dificuldades. Disse-lhe: - Cola e vem comigo. Durou 100m. O Homem da Marreta apanhou-me e fiquei completamente apeado, com o corpo reduzido a serviços mínimos, quase de sobrevivência.

Ainda meti dois géis apressadamente, mas já nada havia a fazer. Reduzir a velocidade, beber Coca-cola - açúcar rápido, em todos os abastecimentos e esperar que o seu efeito curto mas imediato, me permitisse aos poucos chegar ao fim. Foi o que fiz, de forma penitente, até aos 50m finais onde acelerei para passar a meta com a desenvoltura possível.

Em suma, não me apresentei suficientemente preparado nesta competição para andar aquilo que acredito poder - abaixo das 7h00, apenas com uma corrida aceitável e consistente.

De tudo o resto apenas posso dizer que esteve soberbo. Uma cidade espectacular, uma organização a roçar a perfeição, um público como nunca havia visto - só vivendo, não tenho arte para descrever, uma restante representação nacional de enorme camaradagem, uns companheiros de viagem ímpares - Paulo Lamego, Luís Santos e Paulo Conde, um staff federativo incansável e presente - Lino Barruncho e David Vaz.

Uma nota também para um local que, ao jantar, num restaurante, apercebendo-se que eu havia competido na prova, me deu prioridade na fila dizendo: - Vai tu, que precisas porque estiveste em competição! Um gesto tão simples, mas que demonstra de forma inequívoca o que é a cultura desportiva de um povo!

Uma palavra final para quem, nos Agegroupers nacionais, teve arte para sacar uma medalha mundial: Sérgio Dias (ouro), Cecília Shinn (prata), Sónia Quintela (bronze). Sinceros parabéns.

O vídeo é da organização.


segunda-feira, 23 de julho de 2012

Quase, quase lá!






No passado Sábado realizei o meu último treino de ciclismo, antes da participação em Vitoria. Aproveitei uma deslocação a Rio Maior e montei a Specialized Transition tal e qual a irei utilizar naquela competição, tentando fazer o máximo de quilómetros possível nos aerobars. Rodas de perfil alto e os recursos de hidratação, no guiador e atrás do selim.

Infelizmente, não fui bem sucedido. Uma forte ventania, predominantemente de frente, tornavam a bicicleta inguiável, especialmente se permanecesse nos avanços. Assim, lá tive de fazer os 90Km até Rio Maior, lutando contra o vento, abanando para todos os lados, mas, conseguindo mesmo assim, uma média superior a 30Km/h. Menos mal.

Entretanto, entretive-me a fazer uns cálculos interessantes. Consumi, durante o trajecto, duas barras energéticas, um pacote de gel e cerca de dois litros de água. Contas feitas, cerca de €5,00. Tivesse ido eu de scooter e a conta do combustível não teria passado dos €4,00... Interessante!

Agora vem aí Vitoria-Gasteiz. Serão 4Km a nadar, 120Km a pedalar e 30Km a correr. Gostava de apontar para um tempo na casa das 6h40': 1h15' na água, 3h25' no ciclismo e 2h00 a correr. Gostava, porque isto seria um registo de enorme qualidade e, possivelmente, daria direito a uma excelente classificação. Virei satisfeito de Vitoria com um registo na casa das 7h00, mais minuto, menos minuto, e sem ficar demasiado amassado.
A distância não é propriamente a mais adequada para quem, como eu, tem na natação o seu pior segmento. Proporcionalmente, quando comparado com outras distâncias, a natação tem aqui um peso demasiado elevado.

Para quem quiser saber mais sobre o evento no País Basco clique aqui. No dia, até dará para is espreitando em directo. Voltarei a escrever quando o corpo o tornar a permitir. Até lá.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Next: Vitoria-Gasteiz

O último teste antes do Campeonato do Mundo de Triatlo Longo está feito. Foi ontem, em Vila Viçosa, bem no coração alentejano.


Esta mítica prova, que bateu o recorde de participações, concluiu um ciclo de 3 semanas de carga. Também por isso acusei alguma fadiga muscular e não andei exactamente o que havia delineado.


Na água as coisas voltaram a ser sofríveis, numa natação sem fato com os níveis de água da barragem muito baixos - cerca de 8m a menos do que no ano passado. Cheguei mesmo a embater no fundo, por duas vezes. Um registo na casa dos 31'00 nos 1.500m que me atirava desde logo para longe dos meus mais directos adversários. Tenho as deficiências identificadas, pelo que, agora há que trabalhar na sua correcção sem pensamentos no desempenho competitivo.


O ciclismo de Vila Viçosa é selectivo, tanto mais por se tratar de uma prova "non drafting". Ou seja, não se pode andar na roda de quem nos antecede. Significa isso que cada um anda aquilo que vale. Andei forte nos primeiros 25Km. Cheguei mesmo aos 70Km/h e passei imensos adversários, não tendo perdido qualquer posição. De qualquer forma quebrei na parte final, quando o vento passou a estar de frente e fiquei cerca de 4 minutos aquém do meu melhor registo na prova, obtido em 2010. Mesmo assim o 31º registo do dia com média superior a 32Km/h.


A corrida é, também ela, bastante dura. São 10Km com um topo e uma rampa mais longa, pelos quais temos de passar quatro vezes. É um autêntico rompe pernas que eu de todo não aprecio. O segmento foi ultrapassado em cerca de 40'.


Durante o segmento de corrida pude observar os meus adversários mais directos no escalão, nomeadamente o António Calafate e o Gary Blesson. Percebi que já não havia muito a fazer para os alcançar, pois só uma corrida canhão mo iria possibilitar e, não tinha condições para a fazer.


E agora venha o desafio de Vitoria. Até lá será essencialmente para descansar e fazer as últimas afinações na forma. Veremos como corre, pois nunca antes me atrevi a distâncias tão longas. 4Km a nadar, 120Km a pedalar e uma corridita de 30Km para terminar em beleza.


No final 50º da geral, 3º do Escalão V2.

Foto da Rita Ramos

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Ventos laterais e perfis altos


O passado Domingo foi dedicado ao ciclismo, com o objectivo claro de carregar mais uns quilómetros sobre a Specialized Transition Pro, a bicicleta de contra-relógio que utilizarei no Campeonato do Mundo de Triatlo Longo, em Vitoria-Gasteiz.


Desta vez saí com o setup completo, ou seja, com as rodas em carbono, de perfil alto, mais concretamente com 82mm à frente e 101mm atrás. Excelentes roladoras, assustam um pouco quando têm de lidar com ventos laterais.

O treino foi de 115Km, bem rolantes, especialmente no troço entre Cascais e a Bobadela. Só mesmo no regresso a casa, desde Caxias, a coisa empinou mostrando que aquela bicicleta não foi desenhada para subir.

Os ventos laterais provocaram uns sustos, nomeadamente em Albarraque, quando uma rabanada me fez abanar um pouco. É o que ilustra o vídeo captado pela GoPro do Pedro Machado, numa das suas primeiras experiências com esta câmara maravilha.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Boas sensações em Pedrógão Grande

Finalmente voltei a ter boas sensações numa prova de Triatlo. A primeira vez esta época. Depois de alguns desempenhos menos conseguidos nas provas anteriores em que participei, o treino parece ter começado a encaixar.


Contudo o início não foi fácil. A natação continua a não sair. Apesar de, na piscina, a evolução ter sido notória, o desempenho nas águas abertas tem mostrado o contrário. Em todas as provas em que participei este ano tive desempenhos piores do que em edições anteriores das mesmas provas.


Já o ciclismo correu pelo melhor. Consegui encaixar num grupo com excelente andamento, com os atletas Pedro Pinheiro, Délio Ferreira e o atleta da foto à minha frente, creio que António Fortuna. Fomos sempre conquistando posições, no selectivo percurso de Pedrógão, com um ritmo muito vivo e onde me resguardei permanentemente - até porque tinha pouco como contribuir para aquele andamento. Foi o 24º melhor registo do dia.


A transição não foi tão rápida quanto o que eu gostaria mas a corrida final satisfez-me. Ganhei mais uns quantos lugares e, mais importante, passei de terceiro para segundo do escalão. O primeiro lugar, estava infelizmente algo longe, comprometido pelo desempenho na água.


Em suma, fiquei imensamente satisfeito com o desempenho, até porque, ainda consegui fechar a equipa na sétima posição, em parceria com os dois internacionais, já medalhados internacionalmente, do CN CVG: o Francisco Machado e o Rúben Costa. O segundo lugar no escalão V2 foi o prémio final, numa prova onde fui o 60º em 188 atletas.


O Campeonato do Mundo de Triatlo Longo, em Vitoria-Gasteiz, está apenas a 4 semanas de distância. Até lá, apenas competirei no meu triatlo olímpico preferido: Vila Viçosa. Será, seguramente, um excelente teste. Veremos se as boas sensações perduram ou, quiçá, melhoram até lá...


A foto é da Rita Ramos, sacada em plena rotunda, antes de começar a descer para a Barragem do Cabril