quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Estrada Nacional 2 (sentido Sul-Norte)

Depois de em 2016 ter cumprido o desejo de pedalar esta estrada, foi agora tempo de repetir mas, desta feita, em sentido inverso, ou seja, de Faro até Chaves.



Esta viagem está associada a uma acção promovida pelos Bombeiros Sapadores de Setúbal, na pessoa do seu Comandante e meu amigo, Paulo Lamego. O objectivo é chamar a atenção para o Bombeiros, lembrando à população que eles estão sempre, sempre presentes. Não só nos fogos de Verão, mas também nas inundações de Inverno, nos acidentes, nas catástrofes e sempre que estamos em situação de desespero, sem solução à vista. Assim, nada melhor, pensou o Paulo Lamego, que percorrer o país na estrada que o une de Norte a Sul.


Serra do Caldeirão
Desta feita dividimos as etapas de forma diferente. Fizémo-lo com base nas quilometragens que pretendíamos percorrer, mas também na capacidade das corporações em nos albergar.

No primeiro dia ligámos Faro a Montemor-o-Novo. Foram 215 Km, percorridos em cerca de 7h15'. A dificuldade do dia era a Serra do Caldeirão e o piso das estradas alentejanas, que se apresenta descuidado, ainda que em melhor estado do que no ano passado. Mais uma vez, o grupo de ciclistas TokaRolar, de Almodôvar, veio ao nosso encontro para puxar durante alguns quilómetros o que sempre agradecemos. O dia ficou marcado por uma queda de um dos nossos elementos, nas curvas do Caldeirão. Feia, mas felizmente sem danos físicos de maior.

O Lamego e eu em pura diversão perto de Mora
No segundo dia eram só 170 Km, com a promessa de alguma chuva. Só a partir do Km 120 esperávamos algumas dificuldades, impostas pelo relevo. Acabei por fazer as 3 primeiras horas com a companhia do Paulo Lamego, onde percorremos 100Km. Apanhámos alguma chuva perto de Abrantes que, nos trouxe apenas algum frio. Entre Abrantes e Sertã tivemos o primeiro contacto com a terra queimada. Não na dimensão que temíamos mas, de qualquer modo, são zonas bonitas e meios de subsistência que desapareceram e demorarão algum tempo a ser repostos.

Após Alvares - 10Km a 4%
Terceiro dia: uma jornada épica. Confesso que temia esta etapa, pois associava uma quilometragem elevada - 234 Km, a uma altimetria respeitosa - 3.700m d+, a um dia já mais curto e à possibilidade de chuva. Saímos bem cedo da Sertã e, até Pedrógão Grande, continuámos a ter paisagem verde. Neste capítulo a coisa começava a ficar dolorosa a partir de Alvares. Góis, Vila Nova de Poiares, Santa Comba Dão... Enfim, tudo completamente arrasado. A paisagem queimada associada a uma N2 que se vai confundindo com o IP3 e onde a sinalização é nula, fizeram deste troço um martírio. Depois de Viseu montámos as luzes nas bicicletas. Como prevíamos, chegar de dia era impossível e, a partir de Castro d'Aire era noite cerrada e com muitos quilómetros a subir até Bigorne, o ponto de maior cota da N2. Chegados ao topo tínhamos chuva à nossa espera, para tornar épica e inesquecível a sinuosa descida de 14 Km até Lamego.

Vila Real
Quarto e último dia reservava-nos uma passeata de 100Km. Douro e Corgo vinhateiros. Passagem pelo Peso da Régua, Vila Real, Santa Marta de Penaguião. A seguir a Vilarinho da Samardã, terra de inspiração de Camilo Castelo Branco, preponderavam as descidas até final, pelo que seguimos a ritmo muito simpático, até alcançarmos o marco do Km 0 da N2, de onde, um ano antes, havíamos partido.

Missão cumprida pelos 9 ciclistas e respectiva equipa de apoio. Ao contrário do ano passado, desta vez houve quedas, furos e uma avaria mecânica esquisita, mas tudo foi resolvido e o grupo chegou coeso ao final.


Fotos da Rita Ramos