7h31'53" foi o tempo que demorei a cumprir a prova referente ao Campeonato do Mundo de Triatlo Longo que ontem decorreu em Vitoria-Gasteiz - País Basco espanhol, disputada na distância 4Km, 120Km, 30Km.
A analogia com a pipoca tem, tão só, a ver com o monumental estoiro que dei ao Km 8 da corrida final.
A natação foi para mim, na presente época, um martírio maior do que em anos anteriores. Evidentes melhorias no desempenho em piscina, sem evidência nas águas abertas. A situação agravou-se no último mês com um decréscimo significativo do volume de treino neste segmento, o que aconteceu por diversos motivos. Sabia que não estava em condições de forçar o andamento, sabia que se forçasse o mais certo era andar praticamente o mesmo. assim, tentei concentrar-me na técnica esticando a braçada e evitando os movimentos parasitas o mais possível. Fiz um miserável registo de 1h23'13" para nadar os 4Km. Uma verdadeira seca...
No segmento de ciclismo andei o que contava andar. Aliás, até um pouco mais depressa. Contudo, as sensações não eram as melhores. sentia alguma fadiga muscular e desesperava com o vento que se fazia sentir em grande parte do trajecto. A média foi de 35,6Km/h, num percurso muito ondulado e divertido, com um registo de 3h22'34" para cumprir os 120Km.
Por fim a corrida final. Iniciei o segmento a correr a 4'15", um ritmo bom, mas confortável para aquilo que achava valer. O apoio da multidão na rua era contagiante e empolgante, convidando a dar tudo. Perto do Km 8 apanhei o meu colega de equipa, o Paulo Lamego, que passava algumas dificuldades. Disse-lhe: - Cola e vem comigo. Durou 100m. O Homem da Marreta apanhou-me e fiquei completamente apeado, com o corpo reduzido a serviços mínimos, quase de sobrevivência.
Ainda meti dois géis apressadamente, mas já nada havia a fazer. Reduzir a velocidade, beber Coca-cola - açúcar rápido, em todos os abastecimentos e esperar que o seu efeito curto mas imediato, me permitisse aos poucos chegar ao fim. Foi o que fiz, de forma penitente, até aos 50m finais onde acelerei para passar a meta com a desenvoltura possível.
Em suma, não me apresentei suficientemente preparado nesta competição para andar aquilo que acredito poder - abaixo das 7h00, apenas com uma corrida aceitável e consistente.
De tudo o resto apenas posso dizer que esteve soberbo. Uma cidade espectacular, uma organização a roçar a perfeição, um público como nunca havia visto - só vivendo, não tenho arte para descrever, uma restante representação nacional de enorme camaradagem, uns companheiros de viagem ímpares - Paulo Lamego, Luís Santos e Paulo Conde, um staff federativo incansável e presente - Lino Barruncho e David Vaz.
Uma nota também para um local que, ao jantar, num restaurante, apercebendo-se que eu havia competido na prova, me deu prioridade na fila dizendo: - Vai tu, que precisas porque estiveste em competição! Um gesto tão simples, mas que demonstra de forma inequívoca o que é a cultura desportiva de um povo!
Uma palavra final para quem, nos Agegroupers nacionais, teve arte para sacar uma medalha mundial: Sérgio Dias (ouro), Cecília Shinn (prata), Sónia Quintela (bronze). Sinceros parabéns.
O vídeo é da organização.
3 comentários:
Parece que faltei lá eu, não só para fotografar como também para ter as minhas saídas de suporte emocional Fortes!!!!!!
Rita
:-) Sabes que elas não me destroem, por muito fortes que sejam... :-)
Muito bom, Fernando. Parabéns e grande evento. Não esquecer o 2º L do Pedro Basílio, em Para-Triatlo. Boa recuperação e aquele abraço.
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